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Interação entre Fármacos
11/08/2014
Publicado por: Marjorie Jales

Interação entre Fármacos
Autora: Marjorie Azevedo Jales
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A administração de um fármaco “X” pode alterar a ação do outro “Y” por um dos dois mecanismos gerais:

- Interação Farmacodinâmica: modificação do efeito farmacológico de “Y” sem alterar sua concentração no líquido intersticial.
- Interação Farmacocinética: alteração da concentração de “Y” que alcança seu local de ação.

Essas interações serão relevantes do ponto de vista clínica quando for necessário que a faixa terapêutica do fármaco “Y” seja estreita, ou seja, que uma pequena redução do efeito levará à perda de eficácia e/ou um pequeno aumento no efeito levará à toxicidade. Além disso, é necessário que a curva concentração-resposta do fármaco “Y” tenha uma acentuada inclinação, de forma que uma pequena mudança na concentração plasmática leve a uma substancial alteração de efeito.


INTERAÇÃO FAMACODINÂMICA

A interação farmacodinâmica pode ocorrer de muitas maneiras diferentes. Há alguns exemplos que podem facilitar a aprendizagem:

- Antagonistas de receptores B-adrenérgicos diminuem a efetividade dos agonistas de receptores B-adrenérgicos, como o salbutamol.

- A varfarina componente da vitamina K, impedindo a síntese hepática de vários fatores de coagulação. Se a produção de vitamina K no intestino é inibida ( por exemplo, por antibióticos), a ação da varfarina, a ação anticoagulante é aumentada.


INTERAÇÃO FARMACOCINÉTICA

Os quatro processos que delimitam a farmacocinética – absorção, distribuição, metabolismo e excreção – podem ser afetados pelos fármacos

Absorção

A absorção gastrointestinal é diminuída pelos medicamentos que inibem o esvaziamento gástrico, como a atropina. Também pode ser acelerado por medicamentos que aceleram o esvaziamento gástrico, com  a metoclopramida. Por outro lado, o medicamento “X” pode interagir com o fármaco “Y” no intestino de maneira a inibir a absorção de “Y”. Por exemplo, o Ca +2 forma um complexo insolúvel com a tetraciclina e retarde a sua absorção.

Distribuição

Um fármaco pode alterar a distribuição de outro, mas tal interação poucas vezes é clinicamente importante. O deslocamento de um fármaco dos locais de ligação no plasma ou nos tecidos aumenta por algum tempo a concentração do fármaco livre, mas isto é seguido por um aumento na eliminação,e , então um novo estado de equilíbrio é estabelecido, no qual a concentração plasmática total do medicamento é diminuída, mas a concentração da droga livre é semelhante àquela anterior  à introdução do segundo fármaco deslocador. Há conseqüências de grande importância clínica:

- Toxicidade devido ao aumento temporário na concentração da droga livre antes de ser alcançado o novo estado de equilíbrio.
- Se a droga foi ajustada de acordo com os valores de concentração plasmática total, deverá ser levado em conta que a faixa de concentração terapêutica desejada será alterada pela co-administração de uma substância capas de promover deslocamento.

Fármacos ligados à proteína que são administrados em uma dose suficientemente grande para agir como agente do deslocamento incluem várias sulfonamidas e hidrato de cloral; o ácido tricloroacético, um metabólito do hidrato de cloral, se liga muito fortemente à albumina plasmáticas.
 

Metabolismo

Os medicamentos podem induzir ou inibir as enzimas que metabolizam as drogas.

- Indução Enzimática:é uma importante causa de interação entre fármacos, induzindo enzimas e, consequentemente, diminuindo a atividade farmacológica de vários outros fármacos. Os agentes indutores costumam ser, eles mesmo, um substrato para as enzimas induzidas; por isso, o processo pode resultar no lento e gradual desenvolvimento de tolerância.

- Inibição Enzimática:diminui o metabolismo e ,consequentemente, aumenta a ação de outros fármacos metabolizados pela enzima. Esses efeitos podem ser importantes clinicamente para no tratamento de pacientes infectados por HIV com terapias tripla e quádrupla, porque alguns inibidores de proteases são potentes inibidores das enzimas do P450.


Eliminação

Os principais mecanismos pelos quais um fármaco pode afetar a taxa de eliminação renal de outro são:
- Alteração do fluxo da urina e/ou pH:  os diuréticos tendem a aumentar a eliminação urinária de outros fármacos, mas isto raramente é clinicamente importante. Por outro lado, os diuréticos tiazida e de alça aumentam indiretamente a reabsorção tubular proximal do lítio e isto pode causar toxicidade do lítio em pacientes tratados com carbonato de lítio.
- Inibição da secreção tubular: fármacos podem inibir a eliminação de outros, assim, podendo aumentar o efeito de substâncias que contam com a secreção tubular para sua eliminação.
- Alteração da ligação com a proteína e, em conseqüência, a filtração.


Fonte: RANG, H. P.; DALE, M. M. et Al - Farmacologia – 6a Edição